“Tenho
certeza que 2013 será o ano do Estrela”
Do
inferno ao céu foi o que viveu o Estrela do Norte em seis meses. No início do
ano, o presidente Adilson Conti, então eleito, encontrou o clube em energia,
sem água, cheio de dívidas e suspenso do Campeonato Capixaba da Série B. Como
se não bastasse tudo isso, o estádio Mário Monteiro, o Sumaré foi a leilão e
teve parte da arquibancada arrematada pelo Hospital Infantil Francisco de Assis
por R$ 954 mil.
O
que parecia impossível foi realizado e hoje, o clube está de volta à elite do
futebol capixaba, com todas as contas pagas e com dinheiro em caixa. “Cumprimos
nosso dever e a nossa credibilidade. Agora temos que trabalhar para o próximo
ano”, contou Adilson.
Em
entrevista ao jornal Aqui Notícias, o presidente ressaltou as doações recebidas
de empresários e médicos que ajudaram no pagamento dos jogadores, comissão
técnica e funcionários do Estrela. Entre outros assuntos, ele disse que o
planejamento para 2013 começa nas próximas semanas.
ENTREVISTA:
Aqui
Notícias – No início do ano, quando você assumiu a presidência, o clube estava
em uma situação complicada: suspenso da segunda divisão, sem energia, sem água,
com a construção dos novos vestiários parada, dívidas, além da não prestação de
contas da administração anterior. E hoje, como está o clube e essas pendências?
Adilson
Conti – Hoje tenho a sensação de dever cumprido. Superamos obstáculos, a
falta de recursos, a falta de confiança, a falta de credibilidade, que foram
nosso grande desafio. Hoje, chego em qualquer loja da cidade e tenho
credibilidade para comprar. Encerramos nossa participação na Série B do
Campeonato Capixaba com nossas contas quitadas, e ainda pagamos uma premiação
de R$ 10 mil para os jogadores pelo retorno à Série A do Capixabão. Hoje estou
feliz por ter o reconhecimento da torcida. Porque, não é da noite para o dia
que se consegue encher um estádio com cinco mil torcedores, ainda mais em jogo
da segunda divisão. Isso é resultado de um trabalho certo, honesto e
comprometido. Dividimos nossa conta de energia em 10 vezes e pagamos juntamente
com a conta do mês. Acreditamos que já pagamos entre R$ 10 a R$ 12 mil. A água
quitamos tudo antecipado e as obras do vestiário foram concluídas com o apoio
de empresários e torcedores do Estrela. Hoje temos uma marca muito forte e uma
credibilidade. Tenho certeza que 2013 será o ano do Estrela.
AN
– O principal objetivo da diretoria foi alcançado, que era retornar à primeira
divisão. O que acontece agora com esse elenco?
AC
- Os jogadores de fora e com os contratos vencidos foram dispensados para
fecharem com outros clubes. Os daqui de Cachoeiro também foram dispensados, mas
abrimos o campo para que eles façam a preparação técnica e física aqui. Vamos
fazer base para disputar amistosos até novembro e em dezembro vamos iniciar a
pré-temporada. Vamos também reformular o futebol profissional, que passa a ter
como diretor de futebol o Elias Ayres, o ‘Batata’. Já o Paulo Ferreira, estamos
conversando para ele assumir o cargo de gestor do clube e ser um dos
supervisores em 2013. Ele é muito competente para preparar contratos e
verificação de súmulas, foi por isso que não tivemos problemas com aquela
acusação de escalação irregular de jogador. Mas, isso ainda vai depender de
conversas com ele. O clube não dispõe de receita para viabilizar a permanência
dos atletas e comissão técnica.
AN
– E como suprir essa receita?
AC
- Pretendemos viabilizar poltronas para instalar naquela parte que foi
interditada pelo Corpo de Bombeiros e vender cadeiras cativas, no valor de R$
150,00 por mês. Com esse dinheiro teríamos como quitar as contas de água de
luz. Além disso, os conselheiros do Estrela vão pagar uma mensalidade de R$
30,00 que será revertido para pagar as contas do clube. Temos um planejamento
de implantar um projeto ‘sócio contribuinte’ no valor de R$ 15,00 por mês também
para ajudar com os gastos. Irei ainda nesta semana conversar com o presidente
da CDL de Cachoeiro para que possamos fazer uma parceria com uma loja na cidade
para que sejam vendidos nossos produtos (mochilas, bolsas, agasalhos, camisas,
bonés, canecas, etc.). Se não conseguirmos a parceria, vamos tentar abrir uma
lojinha aqui mesmo no Sumaré.
AN
– Como o clube conseguiu pagar em dia os jogadores, comissão técnica e
funcionários?
AC
- O pagamento dos 28 jogadores, seis integrantes da comissão técnica e três
funcionários foram pagos com doações de médicos e empresários de nossa cidade.
Além disso, tivemos lucro no bar. Durante o campeonato arrecadamos no bar cerca
de R$ 30 mil. Somente no jogo da final, o bar vendeu R$ 12 mil. Vendemos mais
de 1.500 camisas oficiais, além da renda dos jogos. Hoje, temos R$ 10 mil em
caixa para trabalharmos o restante do ano.
AN
– Como e quando será feito o planejamento de 2013?
AC
- Na próxima semana já começaremos a contactar jogadores e a apresentação
do elenco será no dia 10 de dezembro, para iniciarem a pré-temporada, que
poderá ser realizada em Marataízes, Itapemirim, Mimoso do Sul ou Vargem Alta,
isso ainda vai depender da questão financeira. Acredito que como o prefeito não
pode investir no time profissional, que invista nas categorias de base, que em
curto espaço de tempo vamos descobrir valores em nossa região, como nesse ano
que o Estrela contou com vários atletas daqui. Para o próximo ano, espero que
30 a 40% dos jogadores sejam de fora do estado. Os atletas que atuam aqui estão
viciados, eles não vestem camisa por amor, não têm comprometimento e aqui a
cobrança é muita. Eu sempre digo que o Estrela está para Espírito Santo como o
Flamengo está para o Brasil. A Federação de Futebol do Espírito Santo (FES)
tinha que valorizar isso.
AN
– Porque não participar da Copa Espírito Santo deste ano?
AC
- Justamente por não deixar que todo o trabalho e a credibilidade caíssem
por água abaixo. Não tínhamos a certeza da receita e deixar depois que os
jogadores saíssem falando que o Estrela não pagou não ia ser bom. Queremos
honrar com todos os nossos compromissos. Lamentei muito ficar de fora. Pensei
várias vezes em ligar para a FES e confirmar, mas pela falta de um patrocínio
grande não tinha como.
AN
– Existe uma empresa que poderia ser o patrocinador máster?
AC
- Vejo em Cachoeiro o Sicoob como um patrocínio máster, pois abrange
várias empresas, mas essa ainda não é nossa realidade. Vamos propor a 50
empresários de médio e pequeno porte a doação mensal de R$ 2 mil por mês de
dezembro de 2012 a dezembro de 2013. Em troca cederíamos placas no gramado, na
camisa de treino, no material de viagem, enfim, teria muita visibilidade na
primeira divisão. As empresas têm condições, não ajudam porque não querem.
AN
– Qual foi o maior prêmio para o Estrela em 2012?
AC
– Primeiro foi voltar à primeira divisão. Há um ano tudo parecia perdido e
hoje isso foi alcançado. Foi emocionante ver o estádio lotado com cinco mil
pessoas e é uma grande satisfação ver o torcedor usando a camisa do Estrela.
Fico feliz por ser o responsável pelo resgate desse amor do torcedor pelo
clube.
AN
– O que ainda falta para o futebol em nosso município, que já chegou a ter três
clubes na disputa das séries A e B do Campeonato Capixaba: Estrela do Norte,
Cachoeiro e Estrela de Cachoeiro?
AC
– Falta o empresariado acreditar e investir no esporte e que os dirigentes
estejam comprometidos com o esporte e não queiram levar vantagens do clube.
Acredito também que a municipalidade deveria investir na melhoria dos estádios.
AN
– Qual o balanço dessa sua gestão nesses seis meses do ano?
AC
- É um balanço inteiramente positivo. Estou feliz por ter recuperado a
credibilidade e o orgulho de cada torcedor de ser estrelense, em vestir a
camisa do clube. O que eu tenho a dizer é agradecer a todos, e principalmente
ao prefeito Carlos Casteglione, que foi o primeiro a acreditar no meu projeto e
pessoalmente se empenhou para que os empresários se solidarizassem com o
Estrela. Obrigado todos aqueles que acreditaram e acreditam no nosso Estrela do
Norte.
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